sábado, 11 de abril de 2020

Defendo e Deito

Durmo mas atento estou
Dormem as ovelhas
Chega calado, correndo
Com a respiração de um outro lado
Mas, mesmo eu que durmo, atento ouço...

Espera, espera...
Uma ovelhinha se acorda
Assustada: desnorteia-se, estatela
Acordo. Pego-a e nisto:
Salvo!

Agora é contra a fera
Forças vem D´Alguém
Pois assim eu não era?!

Alcançar a elas 
Não o deixo!
Mais força! Mas...
Ai! O contato.
Luto! O seu desejo
Me esquartela.
Por que a elas?

Nunca a elas
Deixe as ovelhas 
Têm defensor
Afaste-se, ou então, venha 
Seu Lobo opressor

Vá embora
Delas eu cuido!
Xô! Agora!

Amor a elas? 
Sim.
Não serão vermelhas
Já são alvas!
Pois com todo o Amor
Elas estampam a Paz

Quanto a você?!!
Suma às escarpas.

Por fim, no Geo-leito
Com as ovelhas, 
Deito.
Oscar Gilberto Rodas Gomes
 21/10/2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ínclito Amigo

Coisa boa,
Gostosa,
O encontro nunca a toa.

Permitiu apenas um momento
O encontro,
Um sustento.

As vezes passa rápido;
As vezes passa devagar;
Por vezes apenas ínclito.

Ficou, amigo.
O suficiente para ser. 
Nunca teve
Só isso digo. 

Oscar Rodas,
31.08.2015

domingo, 12 de abril de 2015

Uma gruta interior

Quando Ele se entregou não desejou permanecer na Cruz, tinha certeza que as grades da sua prisão eram apenas sombras.  Talvez ao serem abertas tornariam-se a entrada de uma gruta e que só ao final ele viria, não se tornando mais livre,  mas a própria palavra Liberdade ressurgindo da agonia pura e humana.  Ao final,  hoje é um dia de interior, mas para alguns, há um desejo de morrer com Cristo, outros querem desesperadamente retirar os cravos e baixo-lo do lenho. Mas será uma morte puramente fisiológica a morte da salvação?  Por que eu, ou você,  queremos tirá-lo de lá?  Que medo é esse de enfrentar aquilo que deve morrer, extirpar-se para transformar? Aliás,  as grades da prisão de Cristo,  não são as portas de minha gruta interior, o meu sepulcro?
Um amigo me disse: " que nesta Páscoa Cristo ressurja vivo em seu coração"! Por um momento analisei a proposta do meu coração estar sendo uma gruta, porque Ele ressurgiu de uma [pretensão ou fé? ]. Ao fim respondo que Está,  e espero que seja por um tempo suficiente para que a morte interior reviva,  como a proposta Evangélica que Cristo nos traz: a novidade da vida Livre,  da vida em paz, de uma humanidade digna! Obg Senhor, sem sua morte eu não poderia olhar a minha gruta interior!
Oscar Rodas
Sexta santa de 2015

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sem Intervir na Liberdade: Viva. Atente-se e Nunca se Amedronte.

Escolha bem ou mal
Escolha o certo e o errado
Escolha
O medo é uma escolha


De um presságio medieval surgiu a frase 'não tenha medo dos mortos, ou dos maus espíritos, tema apenas o não conhecimento da fronteira entre você e o que você ainda não viveu!' é o que estava lendo um passante que ia de encontro ao seu terno amigo...

Augusto estava caminhando já fazia três dias pela mata, pois seu amigo Cristiano morava na choupana que havia construído longe da população, do vilarejo de Passarela. O pobre viajante decidiu caminhar à casa de seu amigo para partilhar que já não aguentava mais morar sozinho e sem entender muitas coisas: de como era incompreendido pelas pessoas por pensar em tantas coisas boas à construção daquele humilde vilarejo.

Embora tenha a fama de ser heróica sua índole, como era terrível a Augusto passar pela mata para trocar um dedo de prosa com seu amigo. Temia as almas mortas que estavam por lá! É o que rezava a lenda daquele lugarejo. Todos os dias ouviam-se estórias de pessoas que iam à beira da floresta pelo fim da tarde, adolescentes namoradeiros, e que saiam derradeiros e aos gritos quanto ouviam o simples tintilar do vento nas copas das árvores. Mas, angustiado, Augusto partiu, aventurando-se mata adentro...

Não pensou duas vezes quando chegou na parte mais escura da floresta, momento em que nem os raios do Sol do meio dia penetravam as copas, ouvindo passos e grunhidos saiu em disparada ao caminho que já havia feito, claro lhe parecia mais seguro só porque já o fizera até ali. Mas pelo contrário, esse caminho inverso foi mais tortuoso, só desta vez fez um caminho com receios e não percebeu os detalhes importantes para o seu retorno,  mesmo que às pressas. Parecia estar perdido, e pasme, num caminho que já havia feito.

Só podia parar e se concentrar, afinal, o que o afugentava tanto? Parou! Respirou! Olhou! Silenciou! E por fim, ouviu... Por um longo período: nada, nada ao redor somente o vento batendo nas copas das árvores. Começando a se perguntar simplesmente se deparou consigo: por quê corri? Afinal, do que corri? Quem, na cidade, disse que ao sentir qualquer diferença na floresta eu deveria correr?! Infelizmente Augusto não saberia responder esta pergunta, não encarou aquele momento propício para isso, ouviu demais os outros.

Deu-se conta de que por um momento na vida escolheu o medo dos outros para sobreviver, e dessa forma o seu medo o fez perder talvez um novo conhecimento, uma nova aventura. Retomou sua caminhada solitária, mas sem se dar conta que a lição daquela aventura já tinha sido aprendida. Ao chegar na choupana do amigo, este simplesmente disse: venha Augusto, sua lição está apenas começando...

Oscar Rodas,
10 de fevereiro de 2015. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Basta Um

Calorosa tarde, não?
Se é? pois então!
Veio a fome.
Comer pão?
Só hoje,
agora não.

Parti.
Não ao trigo...
Ah! Mas nessa hora o milho.

Alguns grãos,
Num sacolão,
Enchi o bocão.

Depois, abatida a fome
É o pensamento quem come:
De um grão enterrado
Um espigão ceifado.

Pesa, às vezes.
Mas plantar o único que se tem
Nos fará prosperar de uma vez.

Tarde de 17/09/2014, hora do lanche.
Oscar Rodas

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Em vias de preparação...*


                                                                                                                                                                          * Oscar Rodas. 20 fev. 2014.

Posicionamo-nos num dos momentos mais ímpares de nosso ano, a aproximação do carnaval, da quarta-feira de cinzas. Esta, ingrata ou não, nos remete a todo um foco da criação das datas e seus símbolos. Isso porque, ela retrata uma das formas mais antigas de se contar uma data, o dia após o outro. Para quem não sabia, o dia da Páscoa cai sempre no primeiro domingo, da primeira Lua Cheia da primavera no hemisfério norte, ou do nosso outono. Uma herança gregoriana e cheia de símbolos para o momento em que se vive.

O momento torna-se crucial, pois para o cristão inicia-se a preparação, na rica história cultural que nos leva, o carnaval antecipa a toda e qualquer forma de purificação, e para se tornar puro, há de se experimentar um pouco da futilidade da carne. Do desespero de deixar-se tentar, o proibido vira regra e a vida uma baderna. O Espírito, no período de carnaval, não goza de nada, apenas se espreme numa caixa da memória, que, no entanto, ao bom cristão, e ao bom humano, retornará com vigor. Assim é o crescimento do espírito um recolher-se e observar. Na sua caixinha espremida, fica só e observa como se manifestam as vontades do corpo. Diz um bom ditado [meu] indiano: só sabe diferenciar o mel, aquele que experimentou o fel. Buscando um eterno encontrar-se, o humano experimenta muitas coisas, entre o pecado e o amor; entre o prazer e a dor. Alguns se deliciarão no meio de alucinógenos e psicotrópicos, outros apenas o presenciar, o sentir e estar no meio do embaraço da multidão, sentindo-se esmagados, se entorpecerão. Talvez ai esteja um pouco da certeza de que o espírito permanece espremido, pois nele só há consciência enquanto uns sabem sempre onde se encontrar, outros se perdem e permanecem dopados. Bom, viva a celebração do corpo, é bom, é salutar.

Por outro lado, a 40 dias da páscoa, encontra-se a quarta-feira de cinzas. Um reencontro, fruto da realidade cotidiana. Talvez muitos ainda estejam perdidos, mas com certeza, boa parte dos cristãos tentam se reencontrar. Hora daquela consciência voltar a se espriguiçar, em meio a dores musculares, morais. O Espírito retorna num pranto, parece um pó que tem que ser restaurado, relembrado. Inicia-se um novo ciclo espiritual em vias de preparação para uma Luz que permanece eternamente ao nosso entorno, dentro de nós. Preparamos um espírito mais renovado, com novos desejos. Alguns ainda estão dopados, e assim, infelizmente, permanecerão. Nunca verão seus sonhos como perspectivas de futuro. O momento de quarenta dias torna-se isso, uma recriação das perspectivas, estas mudam a cada fase da vida ou evoluem, a depender do espírito que sabe se espremer. Nós humanos somos simbólicos, culturais, arraigados e desejosos de bons exemplos, de vidas que souberam viver e permaneceram eternas. 

De toda sorte, alguns conseguem perceber os sinais que os Céus nos trazem, e quer melhor símbolo do que esse, o da Lua reluzente na janela das estrelas? Quem não gostaria de ser aquela estrela, ao lado daquele Astro que reluz a estrela que nos centra, o Sol? Para alguns não é fácil dizer que ficar quarenta dias esperando se renovar, na forma da vida que se inova – primavera – é um símbolo da transformação interior, da expectativa de se centrar, no Astro Rei. Olhar para a Lua Cheia na Páscoa é sinal de que não ficamos sem o caminho mesmo no escuro, de que o Sol brilha mesmo com o dia ausente. Então façamos, vivamos a carne, pois sem ela o espirito não é escondido; sem o esconderijo não há quietude, nem evolução; sem evolução não há consciência de que não se vive nesse mundo em um torpor profundo; e, se vivemos nesse mundo, buscamos todos os dias sinais de como encontrar um eixo, um equilíbrio. Ocorre que, isso sempre está além e aquém do nosso alcance. Mas continuemos, vamos contar cada dia que passa para chegar à conclusão de que estamos sempre em vias de preparação.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Achei um corpo estranho

Pensei que estava só.
E só, não o percebia ao meu redor
Foi tudo muito inovador...
Curioso
Diversa cor

Múltiplas pessoas pensando
Várias pessoas renovando
Era tão diferente daquilo que eu vivia
Mundo pequeno, sem Sofia 

Senti, em primeiro?
Minha casa, oikos
No último?
Nosso, rizoma!

É a vida porque se luta
No meu lugar,
Uma disputa 
Porque No campo jurídico
Direitos Humanos,
Corpo exquizito!

Que liberdade
Astúcia
Perspicácia 
Sonho... numa realidade
Nunca antes uma falácia!

Verdade absoluta
Aí não está
E quem ousará?

Abram os olhos
Medíocres 
Estenda sim a tua mão
Faça mais:
Dê a sua razão
E sim, por que não?
Doe tudo isso nesse corpo 
Muitas vezes doente
De um pensamento descrente
E de um coração ausente

Talvez se doaria mais,
Se entender como é ser você,
Caso seja contumaz,
Se descobrisse que nesse corpo falho
Pode viver a liberdade:
Onde um leva, outro traz.
E agora, Faz?

Oscar Gilberto Rodas Gomes
25.10.2013